Eduardo Marques traça um percurso singular como designer, encontrando nas artes visuais o ponto de equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional. Este projecto reflete não apenas uma busca estética, mas também uma jornada de autodescoberta, onde o artista explora diferentes intensidades e formas de expressão. Através de três etapas marcantes - a exploração sensível e sensual, os traços de imoralidade, e o purismo -  a obra desdobra-se em nuances que vão além do visível.



 

Aqui, as suas criações apresentam-se como campos de forças em constante movimento, onde as imagens emergem não como representações de uma realidade externa, mas como acontecimentos que capturam sensações puras. A arte, nesse contexto, não é um mero reflexo de ideias ou narrativas, mas uma experiência direta que envolve e afecta os sentidos, oferecendo ao observador/fruidor a oportunidade de ser tocado por intensidades que transcendem a figuração.



 

Entre 2016 e 2024, Eduardo Marques trabalhou a partir de elementos orgânicos para criar uma base que sustentasse as suas composições digitais. Essa fusão entre o natural e o artificial possibilita uma sobreposição de formas e uma constante interação entre o real e o imaginário. O uso de técnicas mistas e a hibridez de materiais contribuem para a criação de imagens que, por meio da sobreposição de camadas ou “Layering”, produzem efeitos de deformação e reconstrução contínua.



 

Nos trabalhos aqui apresentados, os corpos fragmentam-se e refazem-se, apresentando-se como campos abertos de experimentação, onde o processo criativo dialoga com as tensões internas de cada forma. Essa experiência estabelece uma ruptura entre a ideia de transcendência e a materialidade dos corpos, que se revelam marcados por cortes, fraturas e uma vitalidade intensa, sugerindo que a verdadeira liberdade não reside em limites estabelecidos, mas na fluidez de um corpo em constante transformação.​​